terça-feira, 20 de julho de 2010

O coração do homem de lata















Ele sorri, como o mais jovem de sua idade. Tem nos olhos, a herança que lhe deixaram, dividida com um pouco que já deixou para os seus.
Apesar da beleza, o brilho agora é fosco. Parece que cansou de ver o mesmo filme todos os dias.

O homem do velho coração de lata chora e aos poucos vai se enferrujando. Ele não diz nada, mas nem é preciso.

Da mesma forma que a fila não para de crescer, ela também não para de andar.
Quantos dos que dividiram o mesmo ventre tornaram-se peça de museu?

O homem do velho coração de lata chora de dor, de medo, chora por não saber dizer as palavras certas, por lhe faltar ar quando...

Maldido seja o mal de todos os homens de lata.

"Chove lá dentro, embora aqui fora faça sol" . Pode pensar.
Quando a chuva alagar todo um deserto é porque o tempo não perdoou. Até lá, que se aproveite a brisa de verão, né não? Meu velho homem de lata!