sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Máscaras

Eu finjo não sentir, para fingir não sofrer.
Mas sofro, logo sinto.

Dissimulada

Ela entra pela janela e diz que não vai ficar. Eu entendo que não queira.
São noites de carnaval em pleno inverno, o problema é que nunca fui bom de samba.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Cinzas de Raul

Hoje o sol nasceu de cabeça pra baixo e eu me senti vivo outra vez. Há na incoerência uma razão para a felicidade. Há uma cidade repleta de homens de papel. Há papéis que não dizem nada. Eu gostaria de saber nadar. Quatro vermelhos, apesar de continuar preferindo o três. Pobres pulmões. Eles se divertem e me fazem sorrir. Não vejo o riso dela, que é a excessão entre todas elas, mesmo que por uma noite. Não entendo se já é dia ou se é o efeito do teu reflexo. Lembro dos grandes olhos. Me arrepio. Há uma falta de lucidez que não me deixa entender. Talvez alguma nova estrela surja no céu essa noite. Talvez haja uma explosão de átomos. Talvez exista a pós-modernidade entre nós. Nó de marinheiro, vai encarar? Essa pergunta é pra mim. Apesar de turvo, há uma linearidade singular, que amanhã eu esquecerei. E se isso um dia virar poesia... Pergunte ao pó.

sábado, 14 de abril de 2012

Onde estão as asas de cera, Ícaro?

Enquanto ele caía, ela com o seu vício e sua mania de não olhar nos olhos, perguntava:

_Onde foi que a gente se perdeu?
E então, ele, em queda contínua, respondeu:
_ Não sei. Sempre tive essa mania de querer ser pirata, mas nunca pensei em ter uma bússola [...] Parece que acabou de verdade. O problema é que não dá pra levantar e seguir em frente, como imaginei que daria, afinal, ainda estou caindo e não sei abrir o maldito paraquedas [...] Me desculpe por não saber te amar.